SOLUÇÕES FALACIOSAS VERSUS PRODUTOS RELEVANTES
Foram poucos minutos de espera na antessala do presidente da empresa. A secretária logo me convidou para entrar, como quem providenciava uma reunião urgente. Os relatórios do último estudo ainda estavam sobre a mesa; as recomendações estratégicas para o lançamento de uma unidade atacadista da empresa de varejo – com diversas lojas – mostraram-se bem-sucedidas. A preocupação do presidente era evidente. Olhava, intercaladamente, para documentos financeiros e, por cima dos óculos, para mim. Assim que me sentei, o presidente lançou a questão que o angustiava : “Não posso lançar meus filhos nesta empresa familiar, quero abrir uma empresa para cada um deles.”. Dois jovens, um rapaz e uma moça, na casa dos vinte anos. E o presidente seguiu com seus argumentos: “Faça uma pesquisa e me indique qual negócio devo montar para cada um.”. Minha resposta trouxe a atenção do presidente toda para mim, os óculos e as planilhas foram deixados de lado: “Presidente, pesquisa não resolve tudo!”.
Comecei pelos filhos. Sugeri uma entrevista com eles para conhecer seus desejos. Em caso de indefinição dos filhos, propus também uma análise vocacional para indicar os possíveis ramos de atividade. Para os negócios, sugeri os diagnósticos de mercado para os segmentos mais indicados pelos filhos e, enfim, um plano de negócio (não aqueles com a profundidade de um pires).
O presidente queria um passe de mágica, uma pesquisa, um número que o encorajasse a seguir por algum caminho… qualquer que fosse. Não se agradou das indicações, mas ficou feliz com a sinceridade de quem não queria lhe vender uma pesquisa qualquer e lucrar com uma compra equivocada. É por situações assim que trabalhos relevantes perdem peso, quando aventureiros “empurram” qualquer solução para o cliente. É preciso contratar serviços dos que se orgulham por suas entregas e apresentam produtos que trarão soluções, não apenas ilusões que fabricam lucros para a empresa fornecedora.